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LOS AMPUTADOS PUEDEN


 AMPUTADOS TIENEN OPORTUNIDAD EN DEPORTES.Jogadores da seleção argentina de futebol para amputados se preparam para uma partida de exibição no Paraguai, onde ajudaram o país vizinho a formar um time da modalidade. (Marta Escurra para Infosurhoy.com)

Seleção argentina de futebol para amputados visita Paraguai para incentivar jogadores locais e chamar a atenção sobre acidentes de trânsito.
        Jogadores da seleção argentina de futebol para amputados se preparam para uma partida de exibição no Paraguai, onde ajudaram o país vizinho a formar um time da modalidade. (Marta Escurra para Infosurhoy.com)
Jogadores da seleção argentina de futebol para amputados se preparam para uma partida de exibição no Paraguai, onde ajudaram o país vizinho a formar um time da modalidade. (Marta Escurra para Infosurhoy.com)
ASSUNÇÃO, Paraguai – Hugo Rolando Hereñú achou que sua vida tinha acabado quando os médicos amputaram sua perna esquerda depois que um caminhão o atropelou enquanto andava de bicicleta. Ele tinha 10 anos.
“Pensei que nunca mais poderia voltar a fazer nada”, lembra Hereñú.
Mas, 38 anos depois, Hereñú encontrou a força interior e o consolo que acreditava ter perdido quando criança.
Como? Através do futebol.
A perda de um dos membros não impediu que o argentino da província de Entre Ríos, no leste do país, se tornasse capitão da seleção de futebol para amputados e presidente da Federação Argentina de Futebolistas Amputados.
“Posso garantir que nossa modalidade de futebol, além do aspecto atlético, pode reabilitar e mudar totalmente a vida de uma pessoa”, afirma. “[Graças ao futebol], agora, mais do que nunca, tudo é positivo para mim, não há obstáculos que eu não possa superar.”
Hereñú e seus companheiros de equipe visitaram recentemente o Paraguai, a convite da ONG local “Portas Abertas”, que ajuda vítimas de amputações a conseguir próteses e defende leis de trânsito mais rigorosas.
Em Assunção, os jogadores argentinos se reuniram com amputados paraguaios para ajudá-los a formar uma equipe local.
“Nossa missão agora é tirar os atletas amputados de suas casas, onde talvez estejam confinados e nem saibam que existe esta oportunidade”, ressalta Hereñú.
Muletas não tocam a bola
Nos jogos de futebol, os amputados usam muletas para se movimentar no campo. Se um jogador toca a bola com uma das muletas, comete falta e o adversário ganha tiro livre. Geralmente, o goleiro é alguém que teve um mão ou um braço amputado.
A intensidade do jogo e a resistência física dos jogadores impressionaram o amputado paraguaio Joshua Vallovera, de 13 anos, que assistiu à partida de exibição entre paraguaios e argentinos no gramado do clube profissional local Libertad.
Ele lembra o dia exato em que sofreu o acidente nas ruas de Assunção: 31 de março de 2009.
“Estávamos indo a um supermercado com meu pai, um ônibus perdeu os freios e nos atropelou”, lembra Vallovera. Os médicos tiveram de amputar sua perna direita por causa dos ferimentos sofridos no acidente.
Agora, o adolescente diz estar grato por voltar a praticar seu esporte favorito, o futebol.
“Estou feliz, feliz por voltar a jogar futebol”, afirma Vallovera. “[Os jogadores argentinos] me ensinaram como chutar a bola e me mostraram como correr com as muletas. Isso demonstra que todos podem jogar futebol, não importam as condições físicas da pessoa acidentada”.
Todo mês, milhares de feridos
Antes da partida, Hereñú e Vallovera falaram ao público, destacando a necessidade de maior conscientização sobre a segurança nas estradas, pois acidentes de trânsito que resultam em amputações e mortes são frequentes no Paraguai.
Estima-se que 12.000 pessoas são feridas e outras 1.000 morrem anualmente em acidentes de trânsito no Paraguai, um país de 6,5 milhões de habitantes, segundo María José Esquivel, porta-voz do Segurança nas Estradas, ONG que trabalha na prevenção de acidentes com carros.
Cerca de 30% dos acidentes resultam em amputações, acrescenta ela.
Acidentes de trânsito são a principal causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos de idade, de acordo com a ONG.
“Do total, 70% das vítimas são homens e 40% dos acidentes envolvem atropelamentos”, afirma María José, acrescentando que 90% dos acidentes de trânsito envolvem álcool. “Em média, 3 pessoas morrem e 30 são feridas diariamente [por causa de acidentes de trânsito].”
        Miguel Lemos, goleiro da seleção argentina de futebol para amputados: “o mais importante é que cada vez mais pessoas estão praticando este esporte, que traz benefícios para todos.” (Marta Escurra para Infosurhoy.com)
Miguel Lemos, goleiro da seleção argentina de futebol para amputados: “o mais importante é que cada vez mais pessoas estão praticando este esporte, que traz benefícios para todos.” (Marta Escurra para Infosurhoy.com)
Novas leis e atualizações nos estatutos existentes são os primeiros passos necessários para reduzir esses números, afirma María José.
“O Paraguai não conta com uma Lei Nacional de Trânsito e Segurança como os demais países da região”, diz. “E as normas que regem o trânsito terrestre nacional são de 1947. A aplicação das leis e penalidades deve ser complementada com educação sobre trânsito seguro.”
Fonte de inspiração
A Argentina sediou a Copa do Mundo para Amputados em 2010, quando a equipe liderada por Hereñú ficou em segundo depois de perder na final para o Uzbequistão por 3 a 1. A equipe espera competir na Copa do Mundo de 2014 no Irã.
Mas, além dos grandes torneios internacionais e da conscientização sobre leis de trânsito mais rigorosas, o futebol melhora a autoestima e o desenvolvimento dos jogadores.
“Comecei a praticar novamente há pouco mais de um ano. No início, não foi fácil, porque é preciso se acostumar aos movimentos com muletas”, conta o jogador argentino Facundo Loperena, de 23 anos, ex-jogador do Club Deportivo Argentino que perdeu sua perna esquerda em um acidente de moto depois de uma partida em 2008. “Agora que me acostumei, tudo é muito mais fácil.”
Miguel Lemos, que perdeu o braço direito em um acidente de trem, é um dos dois goleiros da seleção argentina de futebol para amputados.
Para o jogador de 41 anos, natural da cidade de Santa Fé, jogar com o resto da equipe tem sido uma fonte de inspiração.
“O futebol para amputados me deu a alegria de compartilhar com muita gente o que aconteceu comigo”, destaca Lemos. “Cada convocação para a seleção é uma alegria para todos, porque é uma chance de voltar a se reunir com amigos. O futebol para amputados é tudo para mim. O mais importante é que cada vez mais pessoas estão praticando este esporte, que traz benefícios a todos.”

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